Jumelos Longos para o Dart

Kit do Jumelo

Jumelos Longos para o Dart

Desde o começo do trabalho no meu Dart, tenho interesse em fazer modificações simples e que podem trazer alguns benefícios no desempenho dinâmico do carro. Além disso, se tiverem baixo custo e puderem ser feitas em casa pelo dono… Melhor ainda! Essa tem sido a base temática de todos meus trabalhos e artigos.

Seguindo essa linha,  uma das alterações que queria fazer: instalar jumelos mais longos no feixe de mola do Dodge para levantar a traseira do carro. Sempre achei a traseira do meu Dart caída e cheguei a arquear as molas, mas não duraram muito tempo. Em 15 dias o carro estava da mesma forma que antes. Outra opção que pensei seria comprar molas novas, que tem um custo muito convidativo! Por US$ 112 você consegue comprar feixe de mola Mopar usados nos Super Stock. Mas trazer para o Brasil é uma outra história. Então tratei de aprender sobre os jumelos.

Essa prática não é novidade. Nos anos 70 era uma customização bem comum e voltada mais para estética do que para desempenho. Não é raro ver algumas fotos antigas de carro com jumelos longos, as vezes, de forma bem exagerada.

Passei bastante tempo lendo artigos e fóruns. Durante minhas pesquisas vi que grande número de americanos condena o uso de jumelos longos, devido a relatos de acidentes e instabilidade dos carros. Mas jumelos grandes e com várias opções de altura foram amplamente usados nos anos 70 na NASCAR, e dificilmente o uso na rua vai ser tão extremo quanto o uso nos super ovais onde os carros chegavam a mais de 320 km/h.

Me baseando nessa pesquisa e escutando alguns colegas que já tinham instalado jumelos maiores, decidi que iria experimentar.

Como fabricar e instalar os jumelos longos

A primeira referência nacional que tive sobre a fabricação e instalação de jumelos longos foi do parceiro Alexandre Epaminondas que escreve o excelente blog DODG-ES. Ele disponibilizou um manual on-line muito bem feito e explicado, contendo fotos, desenhos e procedimentos. Você pode checar o manual clicando AQUI. A modificação foi feita em 2008 e até hoje nenhum problema com o jumelo.

Nesse manual Epaminondas cita e agradece o mecânico Alexandre Garcia, bem conhecido pela comunidade de dodgeiros. Ele recentemente escreveu um artigo no FlatOut onde explica tecnicamente o motivo que embasa o uso de jumelos maiores como uma atualização do sistema de suspensão traseira nos Dodges nacionais 69-81. A base conceitual que ele utilizou no artigo se encontra no livro How To Make Your Car Handle, escrito por Fred Puhn. Para ler o artigo na integra, clique AQUI.

Com essas informações em mãos avancei para tornar realidade minha antiga ideia.

Fabricação

A primeira etapa foi projetar a peças. Para isso contei com a ajuda do amigo engenheiro Rafael Davidson, que fez um desenho técnico bem legal:

As medidas foram baseadas nas informações do Epaminondas. Segundo a publicação no blog Dodg-Es para levantar 1 cm a carroceria do carro, deve-se aumentar 3 cm a altura no jumelo. No meu caso a ideia é subir cerca de 3 cm na carroceria, então aumentei o jumelo em 9 cm.

A segunda etapa foi escolher os materiais. Conversei bastante com o Rafael e decidimos usar barra chata de aço 1020 com 1.1/2 x 5/6″ para as laterais do jumelo e parafusos de rosca parcial de aço grau 5 com 1/2  x 5″ e cabeça sextavada 3/4″ para a amarração. Para completar o kit comprei quatro porcas 3/4″, oito arruelas lisas e quatro arruelas de pressão.

 

As barras para os jumelos foram fabricadas no Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília – UnB – usando uma furadeira de coordenada, ferramenta extremamente precisa.

 

Juntando tudo, ficou com cara de peça de Dodge:

Depois que tirei um dos jumelos originais do carro, resolvi registrar as diferenças físicas das duas peças. Assim pessoas interessadas em usar em seus carros podem ver a diferença entre um e outro.

 

Instalação

Antes de começar o trabalho separe todas as ferramentas que são necessárias. Para trocar os jumelos eu usei:

  • Catraca de 1/2″;
  • Torquímetro de estalo de 1/2″;
  • Extensão de 5″;
  • Cabo de força;
  • Soquete estriado de 3/4″;
  • Soquete estriado de 9/16″;
  • Chave combinada de 3/4″;
  • Chave de fenda 5/16 x 6″;
  • Martelo de borracha;
  • Calço de madeira e;
  • Macaco hidráulico jacaré de 2 toneladas.

Ferramentas

Levei tudo para a Garagem AMB para fazer a instalação. O trabalho é bem simples de fazer, não tem erro. Porém desta vez eu estava sozinho e já estava com pouca luz, por isso não consegui fazer os registros fotográficos da instalação dos jumelos novos. Para ilustrar, vou postar algumas das fotos que Alexandre Epaminondas usou no seu manual on-line.

  1. Levantar a traseira do carro e o apoiar em cavaletes. Para esse trabalho a melhor posição é no suporte dianteiro do feixe de molas. Nunca, nunca mesmo, trabalhe embaixo do carro usando apenas o macaco;  
  2. Afrouxar as porcas dos jumelos. Com ele ainda instalados no lugar é bem mai fácil de desapertar;
  3. Remover os parafusos do suporte dos jumelos. São dois de cada lado e prendem o suporte à carroceria;
  4. Tirar as porcas dos jumelos e tirar a chapa externa do jumelo. Em seguida tirar o jumelo do olhal do feixe de mola. Bom momento para checar o estados das buchas;
  5. Tirar o jumelo do suporte. Eu gosto de guardar as peças antigas montadas, então montei os jumelos antigos e os guardei;
  6. Instalar os jumelos no suporte e NÃO apertar as porcas. Como é etapa de bancada, conseguir um bom registro;
  7. Instalar os suportes no carro e apertar os parafusos com torquímetro (30 ft/lbf);
  8. Usando um macaco hidráulico entre o feixe de mola e a carroceria, baixar o olhal traseiro do feixe até a posição desejada e instalar os parafusos, prendendo o jumelo à mola. NÃO apertar as porcas! (No meu caso eu usei aqueles jacarezinhos comuns e um calço de madeira para apoiar no fundo da carroceria);
  9. Com o carro no chão, peso totalmente apoiado nas rodas, apertar as quatro porcas com 30 ft/lbf usando torquímetro.

Mesmo com pouca luz, afetando a resolução das fotos, usei uma lanterna consegui tirar fotos do resultado. O carro subiu 4 centímetros de cada lado. Acredito de que depois de uma volta deva estabilizar em 3 ou 3,5 centímetros. Dentro do esperado.

Onde comprar?

Se você quer fazer esse up-grade no seu Dodge, mas não tem tempo ou vontade de fazer todo o processo, você não precisa fabricar os jumelos. Existe a possibilidade de você adquirir um kit completo e pedir para o mecânico fazer a instalação. Meu amigo Rogério Boi (Whatsapp: +55 11 94235-8071) vende os jumelos com os parafusos para instalação por apenas R$ 220,00 + envio. Basta entrar em contato e encomendar o seu kit. É um bom investimento a custo bem acessível.

Em breve vou escrever comentando o que achei do carro.

Seguimos conversando,

Monc

Dart 78.1/2 parte 18: suspensão traseira

Finalizando a suspensão traseira

E aí Mopar-mans! Começo essa postagem falando de um erro que cometi, muito bem visto pelos amigos do Yahoo Grupo Dodge V8. Eu havia montado as buchas de poliuretano do feixe de mola com graxa normal, de imediato fui alertados que ela agride o material e acaba perdendo a bucha. Não tive outra escolha, tirei tudo de novo, lavei, limpei, sequei para em seguida montar de novo.

Antes de colocar tudo junto de novo comecei a procurar pela Graxa de Silicone, seguindo os conselhos da galera. Ela é inerte quimicamente, não é corrosiva nem toxica, podendo ser usada nas buchas de poliuretano sem problemas. Fisicamente parece lubrificar melhor, é mais sólida e mais fácil de aplicar que a graxa convencional. Comprei dois potes de 50 gramas da marca Implastec na loja Contato, uma loja de instrumentos musicais e eletrônica daqui de Brasília. Conselho: NÃO comprem no MercadoLivre!! Lá vi preços de R$ 18,00 à 30,00 para o pote de 50g, gastei R$ 19,00 em 100g! Procure em lojas de equipamento eletrônicos, a graxa de silicone é muito usada para essa finalidade.

Vamos à montagem:

Primeiro limpei o big eye com uma retificadeira pneumática. É impressionante o cheiro de borracha que sai, vários resíduos. Depois de limpo, aplique a graxa de silicone por dentro do big eye.

Engraxar as buchas de poliuretano. Instalar as buchas no feixe de mola. Se necessário use um martelo de borracha para ajudar.

Engraxar e instalar o cano central. Depois disso é só colocar o suporte dianteiro. ATENÇÃO: essa foto tirei quando instalei com graxa normal. Acabei não tirando com a graxa de silicone. Mas serve para mostrar como fica tudo depois de montado.

Agora suporte traseiro. Primeiro colocar as duas buchas no feixe e instalar o suporte. Para finalizar, repetir o passo anterior para a outra extremidade do suporte. O feixe está pronto para voltar para o carro.

É isso galera. Me desculpem pelas fotos sem foco, estava trabalhando sozinho e ficou complicado tirar foto de tudo, ainda mais mexendo com graxa. Mas queria aproveitar a postagem para um pequeno preview da suspensão do lado do motorista, já tudo no lugar:

 

 

Seguimos conversando.

André Monc

Dart 78.1/2 parte 16: buchas do feixe de mola

Retirando as buchas do feixe de mola

Sem dúvida, até agora, este trabalho foi o mais difícil da reconstrução da suspensão do Dart, substituir as buchas originais do feixe de mola pelas de poliuretano da Energy Suspension. Bem, aproveitando o feriado de páscoa, na sexta feira da Paixão (por Dodge), troquei as buchas, junto com uma galera muito gente boa para ajudar. Ao todo são quatro no jumelo (chamado de suporte traseiro no manual da Chrysler) e uma no suporte dianteiro, ou big eye, como é conhecido nos EUA. A única diferença entre as peças antigas e novas, é que as buchas de poliuretano do suporte dianteiro vem em duas metades. Isso torna a instalação mais fácil e sem a necessidade de prensa, o que seria extremamente necessário para colocar buchas de borracha originais.

Para remover a bucha que estava na mola, o correto é utilizar uma prensa. Mas diante da impossibilidade de usar prensa, a ideia foi furar a bucha com uma broca parar tirar parte da pressão a que está submetida, facilitando a desmontagem. O melhor de tudo é que funcionou! Foram feitos cinco furos atravessando a bucha, com direito a “burnout“, faz uma fumaceira com aquele cheiro bom. Em seguida foi aplicado WD-40 nos furos e assim cano central já pode ser removido com a ajuda de um alicate bico de papagaio. Usando uma chave de fenda a bucha borracha antiga foi removida. Depois vem a pior parte!! Difícil mesmo foi tirar a capa, ou sleeve, de metal que fica preso no big eye do feixe. Para isso foi usado um formão, martelo, chave de fenda e muita força de vontade para cortar o metal. Por alto, foram umas três horas de trabalho no total.

Segue as fotos do passo-a-passo:

Suporte dianteiro ainda com a bucha original. Para remover o suporte, basta tirar o parafuso. A bucha a mostra. Pouca deformação, a do outro lado estava muito pior. Toda rachada e deformada.

Furando a bucha. Já sem o cano central. Repare nos furos feitos com broca e por onde apliquei o WD-40.

Removendo a bucha original com ajuda de uma chave de fenda. Sem a bucha no big eye. Repare na capa de metal, ou sleeve, que ficou no feixe de mola.

Essa é a pior parte!! Cortar a capa de metal com um formão. Eis o que sobrou das buchas originais e seus componentes.

Um agradecimento mais que especial para alguns amigos que me ajudaram no trabalho com os feixes de mola. Dudu (Opala SS 350-V8), corte das capas de metal; Jouber (Maverick Super), fotos do passo-a-passo; Javier, filho do Jouber; Rafael Pescoço (Puma), montagem dos feixes no carro; Junior (Maverick Super-Batman), trouxe as brocas e ajudou no corte das capas; Ged´s (uma porrada de carro) que emprestou ferramentas e a “Sede”, a casa dele onde a gente faz essas loucuras. Estavam presentes também: Paulo Pó (Astra 2025), Pacheco (Honda VTech), Flávio 1/2 Homem e sua digníssima, Fernanda (Dart 76).

É isso aí galera!

Seguimos conversando.

André Monc